A mídia estatal chinesa disse que a “Declaração de Pequim” – saudada como um ponto de viragem e um sinal do crescente papel da China como mediadora da paz em conflitos extensos – foi assinada por representantes de 14 facções palestinas.
Fotografias das negociações mostraram Mahmoud al-Aloul, vice-presidente do comitê central do Fatah, e Moussa Abu Marzouk, um membro sênior do Hamas, presentes. O ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, disse que os embaixadores do Egito, Rússia e Argélia também participaram da reunião.
Wang classificou a reunião como um “momento histórico para a libertação da Palestina” e destacou o “consenso sobre o estabelecimento de um governo interino de reconciliação nacional para governar Gaza após a guerra” num discurso após o término das negociações.
Wang reiterou o apoio da China à convocação de uma grande “conferência internacional de paz” para trabalhar em prol de um “cessar-fogo abrangente, duradouro e estável” e de uma solução de dois Estados.
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No centro do debate mais amplo sobre como pôr fim ao violento conflito de nove meses na Faixa de Gaza está a forma como o território será governado, seja através de uma ocupação israelita ou de alguma forma de controlo palestiniano. Autoridade Palestina controlada pelo Hamas ou Fatah.
A declaração dizia que seria formado um governo de unidade palestina que supervisionaria a Cisjordânia, Jerusalém e Gaza, eventualmente realizando eleições, para as quais os líderes das facções se reuniriam e elaborariam um roteiro.
A declaração conjunta pode ser uma clara vitória diplomática para Pequim, mas os analistas mostraram-se imediatamente cépticos quanto às perspectivas do acordo, que é apenas o mais recente de uma longa série de acordos de reconciliação semelhantes negociados – e depois quebrados – entre as duas facções. A luta pelo poder terminou em 2007, quando o Hamas tomou a Faixa de Gaza das mãos dos responsáveis da Fatah.
A tentativa anterior de Pequim de conversações entre o Hamas e o Fatah, em abril, terminou sem uma declaração conjunta.
Depois de décadas a preferir deixar a diplomacia contenciosa no Médio Oriente para os Estados Unidos, a China tem vindo a construir nos últimos anos uma paz potencial em alguns dos pontos críticos mais intratáveis do mundo.
“A política da China para o Médio Oriente é diferente da do Ocidente”, disse Tang Zhichao, investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais. “Há uma necessidade urgente de reverter a falta de mediação da comunidade internacional”, disse Tang, em parte devido à marginalização geopolítica do mundo ocidental na questão palestina.
Pequim impôs um embargo entre o Irão e a Arábia Saudita no ano passado, deixando Washington na posição incómoda de apreciar um grande pacto para o Médio Oriente garantido pelo seu principal rival geopolítico.
“O Médio Oriente não é um território propriedade de nenhuma grande potência”, afirmou o tablóide estatal nacionalista Global Times num editorial publicado na segunda-feira. Ao adotar um “modelo único de mediação diplomática”, Pequim promoveu uma “onda de reconciliação” na região, afirmou.
A China também tentou posicionar-se como mediadora na guerra Rússia-Ucrânia, promovendo uma proposta de 12 pontos para acabar com ela.
Em Junho, diplomatas chineses boicotaram as conversações lideradas pela Suíça para acabar com a guerra na Ucrânia, dizendo que a reunião tinha motivação política e não teria sentido sem a Rússia. Pequim, juntamente com o Brasil, propôs uma agenda separada para um acordo negociado.
Dmytro Kuleba, Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia Chegando em Pequim Ele manteve conversações com o seu homólogo chinês na terça-feira, nas quais espera ganhar o apoio chinês para pôr fim à agressão russa.